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março 21, 2014

Ilana Casoy - Meninos Emasculados

Ilana Casoy - Sp

Além de ser autora do livro " Serial Killer"- Louco ou Cruel?" Ilana é especialista em Criminologia, formada pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Ela trabalha no levantamento de casos violentos desde 1990, uma perita no assunto. Uma mulher que sempre buscou  mudanças para a sua vida e uma lutadora contra as injustiças.
É bom que se ressalte que ela não é mais uma perita em meio a tantas outras. Esta profissional sempre está em campo, se fazendo presente, colhendo dados, fazendo história.
Assim sendo, foram formuladas três perguntas à essa criminologista que acompanha o caso dos meninos emasculados de Altamira, que já se desenrola há 20 anos.

1 - Erlon Andrade: Srª Ilana Casoy, Apesar da inocência dos envolvidos ser óbvia, por não haver provas conclusivas contra eles que justificasse a condenação.
Em sua opinião, qual a razão de tanta demora em reverter essa situação?

Resposta: Srª Ilana Casoy
- A Justiça não anda sozinha, tem de ser provocada, esse foi o primeiro passo, o pedido de Revisão Criminal. Essa medida jurídica visa casos já transitados em julgado, pessoas cumprindo pena, e surge um fato novo. Foi exatamente o que aconteceu aqui, Césio e Anísio condenados em setembro/2003, Francisco das Chagas confessando no primeiro semestre de 2004. Todas as confissões foram feitas para a Polícia Federal, Civil, sempre com a presença de um promotor, e para juízes, em audiências.
Chagas residiu na cidade de Altamira/PA, confessando as mortes dos meninos, no período de 1989 a 1993, assumindo, inclusive, a autoria de crimes pelos quais Césio e Anísio foram condenados. Um novo júri, nos dias de hoje, consideraria que existe um assassino confesso e condenado com provas, não só com discurso. No Maranhão, rapidamente foi feita a revisão criminal de todos os condenados injustamente, pelas mãos do próprio Promotor de Justiça que os condenou. Ele, grande homem, humilde, percebeu seu erro e consertou. Alem disso, o Estado do Maranhão foi processado pela OEA, e pressões internacionais funcionam bem. No Pará não tivemos a mesma sorte, nem com a pessoa humana que é responsável pela Justiça, nem com pressão alguma. Mas não se desiste assim tão fácil quando se busca a verdade.


2 - Erlon Andrade: O que você sente diante dessa injustiça?


Resposta: Srª Ilana Casoy
- Acompanho esse caso desde que iniciei minhas pesquisas em assassinatos em série, isso na década de 1990 e já achava um absurdo a polícia não fazer a conexão de que se tratava do mesmo assassino, agindo nos dois Estados. Comecei a trabalhar efetivamente a pedido da polícia do Maranhão, em fevereiro de 2004, quando Chagas foi preso pela suspeita em um desaparecimento. Colaborei de lá pra cá com todas as esferas jurídicas e técnico-científicas, estive inúmeras vezes no Maranhão e Pará e conversei por mais de quarenta horas com Chagas, sem algemas, que me confessou todas as mortes com que somente o verdadeiro assassino poderia saber.
Me sinto de coração apertado. Ajudava os inocentes antes mesmo de conhecê-los ou suas famílias, o que só aconteceu depois de defender minha tese de pós-graduação.


3 - Erlon Andrade: O que a motiva a acompanhar o caso?


Resposta: Srª Ilana Casoy
- A inocência de Césio e Anísio. Eu acompanho o sofrimento real e imediato que isso causa em todos os familiares. Também me motiva o fato de que outras pessoas foram condenadas por esses assassinatos no Pará, Amaílton Madeira Gomes e Carlos Alberto Santos de Lima, e que infelizmente já estão mortos, e vejo o desespero da família em querer devolver a dignidade e desvincular o nome de seus entes queridos desses assassinatos. Além disso estou trazendo para o Brasil o Projeto Inocência, que já existe em outros países, para esclarecer erros como esse, que existem aos montes. O que me motiva é a busca da verdade dos fatos, não opiniões e achismos que estão na moda.


8 comentários :

Que o Deus da justiça faça resplandecer sua luz mais uma vez!

Drª Ilana, existe alguma prova técnica que aponte que Francisco das Chagas estava no Pará quando os crimes foram cometidos?

Que Deus ilumine os Julgadores da Justiça dos Homens, e que assim, a JUSTIÇA seja feita de Fato!

Muito boa a matéria...espero que ela consiga fazer com que o real culpado pague pelo que fez, e que essa história de a pena máxima no Brasil ser de 30 anos seja revista pela justiça brasileira!

Ótima explicação dada pela doutora Ilana Casoy n não restam dúvidas de que Césio e Anísio são inocentes!

Não entendo nada de legislação, mas graças a Deus que levanta as pessoas certas e as usa conforme a capacidade que concedeu a cada uma.

O que me contenta é saber que estamos lutando por dois inocentes sobreviventes de um grande erro judiciário do estado Pará.
Acho que já podemos começar a canta o hino da vitória: A vitória é nossa pelo sangue de Jesus...

é uma situação bem complicada, pois não sabemos realmente quem esta falando a verdade, ao mesmo tempo não significa que não temos recursos suficientes para descobrir a verdade, e repito é uma situação complicada .

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