Ainda durante a
escravidão surge uma personagem que a nossa história fez questão de
esquecer. Por isso, quero começar minha
coluna nesse mês contando a história de Tereza, uma mulher negra, que viveu no
Brasil no período colonial. A despeito de todo um processo histórico e de
resistência do povo negro pós-abolição, ainda nos deparamos com históricos
invisíveis desse povo, o que justifica pouca informação sobre Tereza de
Benguela, Rainha negra que passou despercebida, invisível, mas com igual
importância que Zumbi dos Palmares na luta contra a escravidão.
Como muitas
mulheres negras hoje, que resistem à escravidão de um sistema excludente, que
são açoitadas nos troncos dos padrões de uma sociedade que tenta embranquecer
suas origens, e sofrem com o preconceito e a discriminação que grita, agride e ofende. Esta rainha negra assumiu o papel de comandar, de
estruturar uma comunidade, de defender sua identidade com as armas que possuía.
Foi no Quilombo do
Quariterê ou Quilombo do Piolho, no Mato Grosso, que essa mulher fez história
no século XVIII. Negra escrava trazida
da África para trabalhar na casa do senhor, foi vítima dos maus tratos, açoites
e castigos, fugiu para o quilombo em busca de alternativa para viver com
dignidade. Seu marido era o líder do
quilombo, mas com sua morte Tereza assumiu o comando da comunidade com mãos de
ferro. Estruturou o Quilombo economicamente, onde a comunidade vivia do artesanato,
da produção de algodão e fabrico de tecidos que eram vendidos na cidade.
Organizou um verdadeiro exército de defesa e punia com severidade quem a
traísse.
Por mais de 20 anos
Tereza liderou o quilombo, organizou levantes, lutou contra o sistema
escravista, tinha o sonho de liberdade por isso nunca descansou enfrentando um
Estado que sobrevivia e enriquecia com a escravidão. Após algumas investidas de
tropas e grupos, no mês de julho de 1770 o quilombo foi invadido por mais de 30
homens armados, e o império de Tereza ruiu de vez.
Não se sabe ao certo de
que forma Tereza morreu, contudo ela se tornou uma referência para as mulheres
negras latino-americanas que resguardam-se no ideário de liberdade desde a
escravidão e ao longo do processo pós-abolição. São mulheres que sofrem com a
discriminação racial e de gênero em todos os âmbitos da sociedade; mulheres que
sofrem com a violência; mulheres que possuem menos acesso ao sistema de saúde.
No mês de julho
homenageamos Tereza de Benguela e todas as mulheres negras latino-americanas,
lembrando que a luta continua, o ideal de uma sociedade mais igualitária ainda
é sonho a ser realizado, para tanto, no dia 25, as vozes dessas mulheres não
podem ser caladas para que a sociedade brasileira desperte para uma mudança em
suas ações, sem discriminação, sem marginalização! Na luta pela visibilidade da
mulher negra!
1 - Apresentação





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