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maio 02, 2020

Acorrentado

Todos nós temos nossos problemas, nossas dificuldades cotidianas que fazem parte da nossa vida. Ninguém é perfeito demais para não ter problemas ou rico demais para ser isento deles.
Somos como uma madeira bruta que precisa ser modelada, para ser útil algum dia seja lá onde for.
Apesar de não entendermos a razão e os por quês da vida, existe só uma certeza, que é "avançar sempre" e nunca olhar para trás. porque em muitos momentos somos acorrentados pelo passado, e por esse passado ficamos estagnados. E por essa estagnação, não crescemos moralmente, espiritualmente, e porque não dizer materialmente. Porque a pessoa estagnada não procura  o melhor para si.
Vivi por muitos anos estagnado, vivendo a sombra de um passado que nunca mais voltaria, mas que insistia em recordar.
Vim para Belém e fiquei 14 anos sem retornar a São Paulo, e um dia decidi que estava na hora de voltar, já estava com uma familia formada, algo que para mim era impossível. Deixei a familia e em 2006  viajei para reencontrar com o passado.
Quando cheguei senti um impacto, pois o lugar onde eu morei, na época era pouco habitado e agora tinha inúmeras habitações. Fui bem recebido pelos meus tios, e em especial com o meu primo Almir, em nossas recordações até choramos.
No outro dia visitei a casa do meu tio que fica ao lado. Esse meu tio estava presente  no acidente com a minha mãe. Por inúmeras razões tinha ele como o culpado, e sempre a nossa aproximação foi pouca.
Houve uma vez em que até ameaçei jogar meu primo dentro do poço de 23 metros  que na época tinha 3 anos. Talvez até tenha falado de boca para fora, mas nunca mais deixaram a criança se aproximar de mim.
E nisso o tempo passou, e naquela dia conversei com minhas primas e com o Davi que na época do acidente com minha mãe tinha 3 anos de idade.
A noite a mãe dele minha tia Eny veio me convidar para fazer uma oração pela familia. Eu disse que iria, contanto que a familia estivesse reuinida. Ela disse que estaria, então combinamos para o dia seguinte a noite.
No dia seguinte as 19:00 como havíamos combinado, fui até lá e encontrei todos reunidos, com excessão do meu primo. Perguntei: Onde está o Davi? Ele está lá em cima respondeu uma prima, e ele disse que não vem! Nesse momento tive o impulso de subir as escadas para busca-lo, e na subida passou como um filme na minha mente de tudo aquilo que eu tinha vivido naquele lugar. O acidente, as brigas, as ameaças e tive a convicção dada pelo espiríto de Deus daquilo que eu deveria fazer naquele momento. Após conversar com ele o trouxe também para a reunião.
Todos reunidos, cantei um hino e depois li um trecho da bíblia. E falei para eles: Muitas vezes somos acorrentados pelo passado, então olhei para o meu tio e disse: Tio o sr: é valente e tem coragem? Ele respondeu, sim eu sou! Então eu disse: então se levante e dê um beijo no meu rosto. Ele se levantou e quando ele aproximou a boca para me beijar eu o segurei e o abraçei e disse: Meu tio eu lhe peço perdão!
ele respondeu que não tinha razão para pedir perdão. Olhei para a minha tia e pedi para que se levantasse, e quando se levantou à abracei e disse: Minha tia eu lhe peço perdão e a resposta foi: Não tem porquê pedir perdão. Em seguida olhei para o meu primo Davi e disse: Também lhe peço perdão meu primo. Mas para mim? respondeu ele! Sim, porque um dia eu disse que ia te matar! Nesse momento minha prima Cláudia disse: Mas eu não me lembro disso! A minha tia estava sentada com a mão no queixo respondeu: "Mas eu me lembro". Essa era as correntes do passado, que me aprisionava. Então olhei para o meu tio e novamente perguntei: O sr. tem coragem e é valente? sim eu sou respondeu ele. Então eu disse: Fique de pé, em seguida olhei para o meu primo e disse: Davi fique de pé. Olhei novamente para o meu tio e disse: Use essa coragem e valentia e dê um abraço no seu filho, olhei para o meu primo e disse o mesmo, dê um abraço em seu pai. Nunca pensei que eu pudesse ser útil de uma maneira assim, não foi preciso falar duas vezes, meu tio foi de encontro ao meu primo e o abraçou e chorou como uma criança. Eu desconhecia o fato, mas eles estavam sem conversar já havia 7 meses. Somos instrumentos de Deus para abençoar, mas a reconciliação quando necessário começa por nós. Como eu poderia ser um apaziguador de uma situação, se eu mesmo era homem de guerra.
Deus mostra que para tudo há um começo, um meio e um fim. E naquela noite foi dado um basta na história do poço da tragédia.

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